Feng Shui e os ciclos de vida

Online  -  11 Nov 2019

Vivemos a época do Outono e é normalmente uma época que nos custa mais. Que nos leva a trabalhar mais interiormente, que nos leva a recolher e a estar mais introspetivo.

E isto custa-nos porque não fomos educados para viver os finais de ciclo.

A Vida é feita de ciclos. É um ciclo com vários ciclos que contém dentro de si outros ciclos.

Cada ciclo inicia com o nascimento ou a materialização, segue-se o crescimento e o amadurecimento e depois vem o declínio e o final.

A natureza ensina que nascemos e morremos todos os dias, todos os meses, todos os anos.

O nosso Ego facilmente se apega e dificulta o processo.

Na vida devemos fluir livremente e cada um ao seu ritmo, mas o nosso Ego, esse dá-nos a ilusão de que controlamos ou possuímos algumas coisas, pessoas ou momentos impedindo-nos de usufruir e fluir em equilíbrio natural.

Se nos distraímos queremos logo “congelar” o tempo, os eventos, as relações, ou a vida.

Imaginemos que todos os dias vestimos uma nova peça de roupa sem despir primeiro a anterior já usada no dia anterior e assim por diante, ao final de poucos dias não nos conseguimos mexer de tão “enchoriçados” que estamos.

Assim ficamos se quisermos reter a vida, controlar e aprisionar os ciclos de vida.

Não poderei receber livros novos numa estante se não me libertar primeiro dos livros que já não preciso.

Não terei espaço para trabalhar com clientes novos se não me soltar e terminar os projetos antigos.

Não poderei viver em equilíbrio uma nova relação se não deixar as anteriores bem resolvidas.

A nossa sociedade não nos ajuda a clarificar este assunto pois se por um lado nos mostra um caminho evangelizador de receitas tais com:

– “O que é preciso é andar para a frente…”

– “Não podes apreciar a beleza da lua se continuas a chorar pelo sol…”

Por outro lado, ensina-nos ou cultiva a dor da perda, o sofrimento da perda, castigando e julgando socialmente quem não fizer o luto de alguém ou de uma situação.

Acontece também que nos queixamos da educação que recebemos dos nossos pais ou professores pela sua rigidez, ou falta de apoio, ou ausência, ou excesso de castração, mas normalmente repetimos o padrão.

Acontece também encontrar alguém que nos diz ter 20 anos de experiência e que essa antiguidade lhe dá o direito de ser superior aos outros. Normalmente quando precisa de comunicar o facto é porque a experiência se resume a 2 anos repetida 10 vezes.

Uma árvore começa a sua vida quando a semente germina, descobre a verticalidade e se desenvolve, dá flores que fecundadas geram frutos e quando esse fruto amadurece e é apanhado e comido ou simplesmente cai e se degrada na terra vai por sua vez libertar uma nova semente e de novo temos mais um ciclo.

Com um projeto de trabalho é semelhante. Temos uma ideia, organizamo-nos e materializamos essa ideia, criamos um produto que cresce e se implementa no mercado e na vida das pessoas, e ao vender esse produto estamos por um lado a entregá-lo a quem dele precisa e ao mesmo tempo vamos faturar e receber pelo nosso tempo, energia e dedicação. Se não entregarmos o produto não podemos colher os resultados, o pagamento.

Com os relacionamentos será semelhante. Surge um interesse, uma imagem, um desafio. Dá-se uma aproximação e consolida-se uma relação que no inicio pode ser incerta mas que com o tempo amadurece, estabiliza permitindo-nos crescer com ela, até um dia que esse crescimento, essa satisfação, esse prazer de estar juntos desaparece e aí está na hora de fechar o ciclo, de soltar a relação. Se não o fizermos a bem e de consciência acabamos por nos magoar e magoar a outra pessoa pois a partir de certo momento essa relação passa a ser de desgaste, de controlo, de posse, de condicionamento onde o saldo é sempre negativo.

Há que deixar terminar, soltar, desapegar, viver os finais de ciclo, libertar para ser pleno, ser inteiro no viver o agora, estar livre para o futuro e ao mesmo tempo dignificar todo o passado.

Para tal precisamos de preparar e aceitar a morte, o desfecho, o final, como parte integrante da vida.

Quando não temos esta consciência acabamos por viver nas lembranças do passado e na projeção do futuro sonhando e idealizando e assim perdemos a experiência do agora, perdemos a oportunidade de desfrutar e evoluir.

Veja o artigo completo aqui


Informação:
De 11 Nov 2019 às 00:00
Até 11 Nov 2019 às 13:00

Categorias:

Etiquetas: